terça-feira, abril 17, 2007

Não demores...

Não me tapes a boca,
com as palavras que senti abraços,
palavras que agora me amordaçam
e me fazem ter medo de dizer,
o que sinto,
de partilhar o que sou...
Não deixes o medo de magoa e sofrimento
fazerem-te parar de viver...
Cautela é sempre bom ter,
em demasia...estagna-te...

num espaço escuro...
em que luzes de vida e fogo
se acendem há tua volta e tu não tocas,
não sentes, não arriscas,
com medo de perder.
Dói perder...
Dói sofrer...
Sabemos que dói seja de que maneira for...
Mas saberás que dói mais não viver?
Eu espero-te,
aqui onde te encontrei...
mas não demores...
pois sei que se assim for,
eu tentarei buscar-te...
Mas prefiro, quero, que venhas
sozinho,
pois assim saberei que tens certezas
nos teus passos...

Marília Rodrigues 17.04.2007

sábado, abril 07, 2007

Eu, carcereira vítima...

Caminho...
como se a morte me chama-se...
Caminho...
para o sono e o cansaço,
de uma vida tão curta
como se o amanhã
fosse sempre o último suspiro.
Sento-me,
e ao meu redor,
rodeiam-me memórias e fantasmas,
que me trouxeram pela mão,
que me empurraram para esta prisão,
em que a carcereira sou eu
e tudo o que trago dentro de mim.
Os meu crimes , as minhas culpas,
são onde também sou vítima...
são onde também sou inocente...
mas aprisiono-me como castigo,
inconscientemente,
pois na verdade, não tenho solução...
a prisão é cómoda,
e tenho medo de sair daqui
porque lá fora o mundo é pai,
mas castiga-me de igual forma.

Marília Rodrigues 06.04.2007