segunda-feira, março 05, 2007

Angustias enclausuradas...

Onde em mim há verdades
em que eu própria me cego...
Onde em mim as ilusões
ditam realidades, verdades,
em que eu não quero acreditar...
e uma mão esfrega-me a cara
nessas palavras poeirentas
e cheias de crueldade,
em livros que eu própria escrevi,
e não sabia...ler nas entrelinhas...
vasculhar o passado
e deitar tudo cá para fora
e na verdade é tudo, são todos,
uma grande mentira...
Mas porquê? porquê? não quero acreditar...
mas é assim mesmo...

e eu escondo-me para não pensar...
durmo para me esquecer...
fumo para me acalmar....
acordo...
e em cheio me acertam os
pensamentos dolorosos,
que me fazem chorar....
chorar e gritar
chorar e gritar...
onde ninguém consegue ver,
sentir, ouvir...
onde ninguém se apercebe
da amargura que escondo,
e entrelaço nos nós dos dedos,
debaixo da língua,
dentro da cabeça,
querendo escorrer pelos olhos
uma magoa infinita
de mil feridas sem sarar...
de uma doença sem cura...
de uma maldição sem retorno...

Acorda! já é tarde...
...
O que estás aí a fazer, especada a olhar para a janela?
...
Vai dormir...amanhã tens de te levantar cedo...
...
Passo a passo...tudo se desmorona
em quanto penso, escrevo, durmo...
e passam breves segundos de paz
em que consegui não pensar...
em nada...
em ninguém...

Marília Rodrigues 04.03.2007

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